sábado, 24 de janeiro de 2009


Em um fim de tarde, sentados à beira de um lago, Seu Antenor ensinava seu filho Lúcio de 10 anos tocar o seu velho violão. Então, de repente, Lúcio pergunta:
- Pai, como é ser pai?
Seu Antenor coçou a cabeça e, olhando para o seu instrumento, falou:
- Filho, de quem é esse violão?
- Ele é seu, pai. - Disse o filho.
Seu Antenor pergunta:
- E você tem cuidado bem dele?
- Há dois anos, cuido dele todo dia. De manhã, tiro ele da caixa, afino as cordas e fico treinando por bastante tempo. Quando me canso, limpo bem o violão e o guardo com cuidado na caixa.
- E você gosta de tocá-lo?
- Sim, gosto muito. Acho lindo o som e tem músicas que me dão muita emoção.
Seu Antenor, enternecido, olha nos olhos do filho explica:
- Pois é, filho. Ser pai é isso. É cuidar de algo que não é nosso. Eu não sou seu dono e você não é minha posse. Ao me tornar pai, Deus está, na verdade, me emprestando você para que eu possa me desenvolver como pessoa.
- Como assim, pai?
- É simples. Você não desenvolve sua inteligência e sua sensibilidade musical ao tocar músicas alegres ou tristes no meu violão? Pois é. Da mesma forma, eu desenvolvo a razão e o coração nos momentos bons e ruins que tenho contigo. Cuido de você, como você cuida do meu violão, e ao cuidar de você, vou me tornando uma pessoa melhor, como você está se tornando um músico cada vez melhor.
E olhando novamente para o seu velho violão, Seu Antenor dá um sorriso e continua:
- Aliás, já está na hora deste instrumento trocar de mãos... mais uma vez. Ele agora é seu, filho. Cuide dele, como você o cuidou até aqui.
- E eu também não posso ser seu, pai?
- Meu, não. Você é e sempre será de Deus. Ele é o verdadeiro pai. Mas, o seu amor por mim é meu, assim como o meu amor por você é seu. E devemos cuidar do amor um do outro.
- Eu te amo, pai.
- Eu também te amo, filho.

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